Entrevista de Terça — Cadmo Gomes

Reproduzo aqui, na integra, a entrevista que tive a oportunidade de fazer com o Cadmo em 2019 e que postei no Instagram no dia 10 de Setembro daquele ano.

Convido você a ler esta entrevista e convido também para conhecer o Instagram do Cadmo, porque tem muito conteúdo de qualidade.

“Olá pessoal, boa tarde!!!

Nossa entrevista com bate-papo desta terça-feira, é com o Cadmo, responsável pelo IG literário @bibliotecadomundo. O Cadmo escreve bastante sobre literatura, e às vezes, sobre filmes e músicas.

Então é isso, com vocês, @bibliotecadomundo!!!

Olá Cadmo, muito obrigado por compartilhar um pouquinho de suas leituras conosco!!!

P1 — Nas suas leituras, você consegue fazer uma ponte entre literatura e música, não é? Uma influencia a outra?

Todas as Artes conversam entre si. O Cinema bebe na fonte da Literatura e serve-se da Música. A Fotografia é a seu modo uma forma de Pintura. Quantas esculturas você não já viu na vida representando o Dom Quixote, por exemplo? Então, as Artes se interconectam. Com a Literatura e a Música não é diferente. Existem milhares de peças musicais baseadas na Literatura e repito o exemplo aqui, quantas músicas não existem inspiradas no Dom Quixote?

P2 — Entre os gêneros literários que você lê, quais são os que mais gosta?

Essa para mim é uma pergunta difícil, pois gosto de tudo, de prosa, poesia, teatro, ficção e não-ficção. Tudo depende do momento. Comecei a ler muito cedo e lia tudo o que caia na minha frente, até receita de bolo. A gente vai aprendendo a ler, como se aprende a dirigir ou a cozinhar, com a prática. Li muita coisa ruim até conseguir distinguir entre a melhor e a menos boa Literatura, mas tudo é válido como aprendizado. Hoje, tenho preferência pelos clássicos, mas não dispenso uma boa ficção científica, que é um gênero ao qual os críticos torcem o nariz. Também gosto de boa literatura erótica, mas essa é rara pois existem muito poucas obras nesse difícil gênero.

P3 — Todo bom leitor tem um livro favorito… conta pra gente, qual é o seu?

Tenho o Dom Quixote, de Cervantes, como meu livro favorito. Mal acabo de relê-lo e lá me vem a vontade de passear por ele novamente. Tenho sempre um exemplar em minha mesa de cabeceira.

P4 — Você indicaria este livro para outras pessoas? Por que?

Indicaria, sim; e indico-o sempre. O Dom Quixote é o livro que define o homem de nossa civilização ocidental. Ao mostrar nossos contrastes entre matéria e espírito, bem e mal, profano e sagrado, ele pinta um retrato sagaz daquilo que molda o nosso mundo. Publicado no séc. 17, em linguagem acessível e divertida, continua atual e é fonte inesgotável de reflexão e autorreflexão. Ao final do séc. 20 foi eleito como o livro do milênio por sua influência, por críticos, estudiosos e universidades do mundo inteiro. Costumo ressaltar que se o homem ocidental só puder ler dois livros na vida, um deve ser o Quixote. O outro é a Bíblia, abstraído aí qualquer propósito religioso.

P5 — O seu livro de cabeceira atualmente é?

Estou relendo a Montanha Mágica, de Thomas Mann, romance que discorre sobre o tempo e o amadurecimento do homem frente à sua realidade interior.

P6 — E para finalizar, você já se arriscou pela escrita? Tentou ou pensou em escrever?

Sou um advogado que também cursou Letras. Assim, a escrita faz parte de minha vida. Contudo, por haver feito Letras, avalio minha própria escrita como uma escrita formal, de advogado. Como me acho um leitor exigente, sou exigente com minha escrita também e não percebo que ela tenha qualidade artística. Assim, só escrevo textos técnicos, e tenho muita coisa publicada, porém não ouso na área da Arte Literária. Já publiquei, mesmo assim, um livro com relatos de viagem, chamado Caminhos de Santiago, pela editora Record.

Obrigado, Henrique, pelo convite para responder às suas perguntas e parabéns pelo seu perfil dedicado a promover o gosto pela leitura.”

Obrigado, Cadmo!